Obesidade: A culpa é de Quem?


A obesidade é considerada uma epidemia em todo o mundo, e atinge indivíduos de todas as classes sociais, podendo ter etiologia hereditária ou consequência de um  estado de má nutrição em decorrência de um distúrbio no balanceamento dos nutrientes, induzindo entre outros fatores pelo excesso alimentar. O peso excessivo causa problemas psicológicos, frustrações, infelicidade, além de uma gama enorme de doenças lesivas. O aumento da obesidade tem relação com: o sedentarismo, a disponibilidade atual de alimentos, erros alimentares e pelo próprio ritmo desenfreado da vida atual. 



Custos da Obesidade

A obesidade leva a um aumento substancial na utilização dos recursos de saúde com elevados custos econômicos, uma vez que contribui para a carga global de doenças crônicas e incapacidade. Os custos da obesidade e suas consequências negativas para a saúde foram estimados entre 0,7% a 7,0% dos gastos nacionais com saúde em todo o mundo.
Sichieri  et al. realizaram estudo sobre os custos de hospitalização relativos ao sobrepeso e à obesidade e doenças associadas no Brasil referentes ao ano de 2001. Os valores foram estimados por dados das hospitalizações de homens e mulheres de 20 a 60 anos do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS), indicando um total de custos equivalente a 3,02% dos custos totais de hospitalização, para os homens, e 5,83%, para as mulheres. Os resultados correspondem a 6,8% e 9,3% em relação aos demais motivos de hospitalização (excluindo as gestantes). 
Uma pesquisa realizada associa o mapeamento da obesidade no Brasil com os gastos gerais relacionados a excesso de peso. Abaixo, os resultados obtidos:


Fonte: Mapeamento da Obesidade; Toledo & Associados - Pesquisa de Mercado e Opinião Pública., 2007.

Números da Obesidade no Brasil


Em 2010 o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgaram dois grandes levantamentos dos números do excesso de peso e obesidade no Brasil: o VIGITEL Brasil : Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico e a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).



VIGITEL: é um levantamento bianual realizado pelo Ministério da Saúde, através de contato telefônico, considerando indivíduos com mais de 18 anos de idade. Os procedimentos de amostragem empregados visam a obter amostras probabilísticas da população residente em domicílios servidos por pelo menos uma linha telefônica fixa no ano. O sistema estabelece um tamanho amostral mínimo de 2.000 indivíduos em cada cidade. Vale destacar que a amostra é selecionada por sorteio.

POF: consiste, entre outros itens, na avaliação antropométrica e do estado nutricional da população brasileira. A obtenção dos dados é feita por amostragem a partir de visitas domiciliares e são incluídos indivíduos de todas as idades em todos os estados brasileiros.


A Obesidade no Brasil cresce em Rítmo Preocupante

       De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais da metade da população adulta brasileira está acima do peso. O IBGE segue os parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS) na conceituação de sobrepeso (Índice de Massa Corporal superior a 25%) e obesidade (IMC superior a 30%). São números que dão ao fenômeno contornos de epidemia. Mantido o ritmo atual de crescimento do número de pessoas acima do peso, em dez anos elas serão 30% da população – padrão idêntico ao encontrado nos Estados Unidos, onde a obesidade já se constitui em sério problema de saúde pública.

 Fonte: Obesidade no Brasil

       A seguir alguns dados estatísticos que relacionam sexo e regiões brasileiras, e sexo e idade, respectivamente:












No Brasil, metade da população está acima do peso, sendo que 3,5 milhões são obesos mórbidos, ocupando assim a 19ª posição no ranking mundial da obesidade masculina, com valor médio de IMC igual a 25,8, e 15ª posição na feminina, com valor médio de IMC equivalente a 26.(Fonte: POF, 2009)


Pirâmide Alimentar

       As principais metas da pirâmide alimentar são obter o consumo variado de alimentos, ingestão menor de gorduras saturadas e colesterol, maior consumo de frutas, verduras, legumes e grãos além, da ingestão moderada de açúcar, sal e bebidas alcoólicas. A prática de exercícios físicos é recomendada visando a perda ou manutenção do peso adequado como também, a prevenção de doenças entre elas, as cardiovasculares, diabetes, hipertensão e osteoporose. A adoção da pirâmide alimentar se propõe a mostrar de forma clara e objetiva como alcançar as necessidades de calorias e nutrientes da população utilizando seus alimentos habituais, tornando-a, assim, prática e flexível. 





Fonte: Phillipi ST, Laterza AR, Cruz ATR, Ribeiro LC. Pirâmide Alimentar Adaptada: Guia para Escolha dos Alimentos. Rev. Nutr., Campinas, 12(1): 65-80, jan./abr., 1999.

Transição Nutricional

     'Entende-se por transição nutricional, o fenômeno no qual ocorre uma inversão nos padrões de distribuição dos problemas nutricionais de uma dada população no tempo, ou seja, uma mudança na magnitude e no risco atribuível de agravos associados ao padrão de determinação de doenças atribuídas ao atraso e à modernidade, sendo em geral, uma passagem da desnutrição para a obesidade.' (Kac, Velásquez-Meléndez, 2003)

        Nesse contexto, a obesidade se consolidou como agravo nutricional associado a uma alta incidência de doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, influenciando desta maneira, no perfil de morbi-mortalidade das populações. 

         A seguir alguns gráficos que apontam a transição nutricional ocorrida no Brasil desde 1974 até 2003:







 

(artigo disponível em português e inglês.)


Obesidade X Nível de Atividade Física

       É sabido que a prática de atividade física é essencial à prevenção da obesidade. O excesso de peso e, em maior escala, a obesidade são apontados como as principais causas de mortes por doenças cardiovasculares em todo o mundo. O tratamento da obesidade, é indicada uma dieta balanceada, hipocalórica e aumento na atividade física, sempre sob orientação de um nutricionista e preparador físico. Assim, é preciso mudar o estilo de vida para conseguir bons resultados.

       Um estudo realizado em Brasília (Thomaz, Costa, Silva,  Hallal, 2006) descreveu a prática de atividade física por adultos e identificou fatores associados, entre eles a obesidade. A tabela abaixo foi retirada e adaptada do artigo 'Fatores associados à atividade física em adultos' (Thomaz, Costa, Silva,  Hallal, 2006) e a partir dela, foi construido o dispersograma com reta de regressão
relacionando estas variáveis.

Cálculo e Interpretação do Índice de Massa Corporal:





Pode-se comprovar, então, uma associação direta entre obesidade e a prática de atividades físicas.


Fatores Associados à Atividade Física em Adultos, Brasília, DF (artigo disponível em português e inglês.)


Considerações Finais

       A tabela ao lado mostra os dados sobre a obesidade (VIGITEL, Brasil 2010) dos anos de 2006 a 2010, indicando um crescimento anual da frequência de obesidade na população.Em seguida, tem-se uma estimativa deste crescimento  para os próximos anos, gerando um quadro alarmante. Em 2050 aproximadamente metade da população será obesa.

      Abaixo, um dispersograma demonstrando os dado atuais da obesidade e em seguida, outro apresentando esta estimativa:
 


       O quadro epidemiológico nutricional do Brasil deve apontar para estratégias de saúde pública capazes de dar conta de um modelo de atenção para obesidade, intregando consequências e interfaces das políticas econônimas dentro do processo de adoecer e morrer das populações. 
     
     Atualmente, no Brasil, questões voltadas para prevenção e controle da obesidade encontram-se em seus primeiros passos. Na Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), a obesidade é apontada como evento de controle prioritário; como consequência foi publicado pelo Ministério da Saúde, o Plano Nacional para promoção da Alimentação Adequada e Peso Saudável, com mensagens de incentivo a hábitos de vida e alimentação saudável, principalmente para promoção de saúde. Os serviços de saúde começam a se organizar para implementar propostas e estratégias de atenção primária para a obesidade.